segunda-feira, 18 de julho de 2011

Chegamos aos 1.000 KM!


Estamos em Aguiarnópolis, na margem esquerda de quem desce o lado tocantinense do rio. Estreito do Maranhão é o outro lado. Aqui está sendo concluída a mais recente barragem do rio para hidrelétrica. Em nossa rota vencemos o terceiro represamento, onde a água fica pesada e corre lenta por nossos cascos. A paisagem às vezes impressiona pela imensidão quase igual ao mar, mas a tônica constante é a monotonia de longos trechos de remadas fortes e deslocamento lento. Vencemos, e ao olhar para trás enquanto remamos observamos claramente e em sentido literal nosso passado. Do presente para o futuro a contagem agora é regressiva. Pelos cálculos aproximados, acreditamos estar a cerca de 850 kms do Porto do Sal em Belém do Pará. Nosso GPS marca no momento em que aqui estamos aportados 1012 quilômetros e 900 metros.

Dos últimos portos, trazemos na memória e em nossos bits bons momentos e novas amizades. Babaçulândia volta a se embelezar após o enorme impacto da barragem. Pitoresca cidade enquadrada entre chapadas de mesa e planícies. Agora tem um lago e saudades da velha praia do coco. É notável a mudança na feição das pessoas desde a passagem da pré-produção em novembro do ano passado. Nos também ficamos chocados naquele momento de saber que no ínicio deste ano era a data marcada para o início do enchimento do espelho dágua, diversos pontos históricos e de beleza única estariam embaixo dágua quando voltássemos. Entre eles, a ilha dos Botes, e a Ilha de São José, a ex-segunda maior ilha fluvial do mundo, perdendo apenas para Ilha do Bananal.Desde Palmeirante - TO já havíamos começado a navegar sobre a influência do represamente. Em Carolina a primeira cidade do maranhão a memória ainda é clara sobre a ilha dos botes e sua movimentada agitação cultural durante séculos, sendo recentemente o palco de uma importante “rave” do cenário da música eletrônica.

Navegamos por sobre seus restos de árvores que apesar de afogadas, ainda exibem suas copas exuberantes em pleno sufocamento. Na ilha de São José, com cerca de onze kms de extensão viviam cerca de 200 famílias, todas elas removidas e reassentadas. Aproveitamos para ouvir um pouco de suas histórias e graças ao apoio da Prefeitura de Babaçulândia conseguimos nos locomover mais ágeis em busca de nossos personagens. Encontramos ainda com o poeta Antonio Brito e seu filho para uma sessão de poesias da antiga beira rio. Conhecemos Dindó antigo mecânico e barqueiro, que sacando seu caderninho de notas, foi diversas vezes direto na questão da navegação, tendo sido ele mesmo responsável pelo transporte de diversas cargas por sobre as águas. Deixamos a cidade, felizes com as obras de um enorme calçadão beira lago a todo vapor, e com a inauguração da nova praia do coco, que das artficiais que atravessamos até agora vem a ser a mais bonita. Remamos, atravessando banzeiros, ventos e enormes lagos. Amanhã voltamos ao rio corrente rumo a Tocantinópolis - TO e Porto Franco - MA.





sexta-feira, 8 de julho de 2011

Maranhão 66 – “Valeu mestre, aqui chegamos!”

             
            A remada foi dura, o caminho foi longo, parecia sem fim e ainda, o rio represado. Remamos sobre a influência da terceira e mais nova hidrelétrica do  Tocantins, conhecida como do Estreito.
Carolina do MA, a “Atenas do Sertão”. Talvez a cidade mais importante e esplendorosa da Rota do Sal durante o período das grandes navegações pelo Tocantins. Carolina foi o grande centro distribuidor de mercadorias advindas de Belém do PA, para toda a bacia do Tocantins. Passamos por cidades das mais isoladas do país. Itapiratins e Tupirantins, Palmeirante , Barra do Ouro, Filadélfia, prometemos uma barra de chocolate, para quem ler este texto e que já tenha visitado  alguma delas. Atenção: esta promoção não vale para moradores do estado que da nome ao rio.