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Jornal Centro Norte - Notícias - Pedro Afonso - TO  30/07/11




Jornal O Tempo - Belo Horizonte 22/06/2011

História
Refazendo a Rota do Sal
Publicado no Jornal OTEMPO em 22/06/2011
DANIEL TOLEDO

FOTO: GUSTAVO BAXTER/DIVULGAÇÃO

Encontros. No sítio histórico Kalunga, Cardes Amâncio mostra o mapa da Rota Sol para d. Procópia
GUSTAVO BAXTER/DIVULGAÇÃO

No final do século XVIII, o tráfico negreiro já havia sido proibido no Brasil, mas a escravidão seguia de vento em popa em boa parte do país. Igualmente recorrentes, contudo, eram os quilombos, sociedades paralelas criadas por negros que, corajosamente, fugiam de seus senhores.

É justamente com a intenção de retomar capítulos importantes da história de um dos principais quilombos brasileiros que os realizadores André Portugal Braga e Cardes Amâncio lançaram-se, há cerca de 40 dias, em uma longa expedição pelo rio Tocantins.

Por meio dessa expedição, os dois - acompanhados de outros cinco tripulantes - vão refazer o trajeto de 2.400 km que separava o quilombo Kalunga, situado na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, do ponto onde os navegantes negros trocavam mercadorias produzidas no quilombo por sal - item fundamental para a própria sobrevivência.

"Essa ideia surgiu há cerca de cinco anos, quando uma amiga estava fazendo uma pesquisa de mestrado sobre a trajetória do quilombo Kalunga, e nós ficamos muito impressionados. Começamos, então, a pesquisar e desenvolver o projeto, assim como a buscar financiamento para ele", relata Cardes Amâncio.

"Nos chamou atenção a dificuldade e a distância do trajeto realizado pelos negros, ainda mais em um contexto no qual eles corriam grandes riscos de serem recapturados", justifica André Portugal Braga, que entende o filme como uma homenagem aos Kalungas.

"Nosso desejo é levar a todo o país esse grande exemplo de luta pela liberdade e, quem sabe, inspirar outras pessoas a lutarem por seus ideais e por melhores condições de vida", completa o realizador, para em seguida destacar que todos os municípios atravessados pela expedição vão receber cópias gratuitas do documentário.

Tendo como ponto de partida a cidade de Cavalcante (GO) e, como destino, a capital paraense, Belém, os realizadores estão atualmente na cidade de Miracema, primeira capital tocantinense. Após pouco mais de um mês de viagem, 600 km de rio já foram percorridos, e são muitas as histórias para se contar.

Na própria comunidade Kalunga, eles tiveram a oportunidade de conhecer pessoas que guardavam relatos diretos sobre a época da escravidão de seus pais e avós.

"Um deles nos disse que, quando os negros se cansavam do trabalho forçado, desciam a serra em revolta. A partir daí, se embrenhavam nos Kalungas, uma região muito propícia para se esconder, e muitas vezes recebiam, para isso, ajuda de povos indígenas", conta Cardes. Ele destaca ainda um outro senhor que possui, até os dias atuais, objetos trazidos de Belém.

"Atualmente, para além de questões relacionadas à própria memória do povo, que vem se perdendo pela falta de registros, eles ainda lutam pelos títulos da terra onde vivem", destaca André, que deve concluir a expedição em meados de setembro.




Jornal O Estado de Minas - Belo Horizonte 8/03/11

Documentário Rota do sal vai mostrar a saga de quilombolas do Centro-Norte brasileiro

Comunidade de 5 mil pessoas conseguiu manter as tradições dos antepassados africanos
Janaína Cunha Melo - EM Cultura



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Cardes Amâncio/divulgação
Foto: Portugal Braga
Há cinco anos os realizadores André Braga e Cardês Amâncio, da Avesso Filmes, cultivam a ideia
de investigar a saga do Kalunga, maior quilombo do Brasil, em Tocantins, com cerca de 5 mil pessoas.
 Com projeto aprovado na Lei Federal de Incentivo à Cultura e captação parcial de recursos, agora eles
iniciaram a expedição cinematográfica Rota do sal. Vão percorrer 2,4 mil quilômetros e atravessar quatro
 estados – Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará – ao longo do Rio Tocantins. Séculos atrás, seguindo
 esse mesmo trajeto, a comunidade desenvolveu sua saga. Surpreendentemente, conseguiu se preservar.
 Os quilombolas deixavam suas casas para levar alimento à região onde ficava o comércio.
 Buscavam o sal – a principal moeda de troca da época.


A aventura dará origem ao documentário em longa-metragem que os cineastas pretendem lançar no fim
do ano. “Soube da existência desse povo por meio da pesquisadora Aline Cântia e fiquei impressionado
 com o fato de eles ainda viverem isolados, preservando suas próprias crenças e ritos de resistência”, conta
 André Braga. Para ele, parece incrível que a rota não tenha sido percebida como objeto de intensa
pesquisa e investigação, considerando seu valor histórico e social.


Diretor irrequieto, Braga aponta pelo menos três desafios para o filme. “Precisamos sensibilizar mais
 investidores e interessados na preservação da memória de um território essencial para entender parte
 importante da história do país. Temos de criar condições para essa expedição, que levará a equipe de
barco pelo Rio Tocantins. Além disso, voltaremos dessa aventura com o documentário na bagagem,
dando conta da relevância dessa comunidade”, diz.


História
Com o filme Rota do sal, o cineasta indica a possibilidade de preencher lacunas fundamentais relativas à
ocupação do Centro-Norte do país, mas a partir da memória de povos originários, que não tiveram
oportunidade de escrever sua própria história. Para Braga, “o quilombo Kalunga é o Palmares que não
 foi destruído, por isso não aprendemos sobre esse povo na escola”. A saga de sobrevivência pelo cerrado
em busca do sal corresponde, possivelmente, à maior rota histórica do território nacional, afirma o diretor.
Os caminhos se unem por um argumento comum e geográfico: o rio.


André Portugal/Divulgação
Rio Tocantins também é personagem do filme de André Braga e Cardês Amâncio

Depois de anos de pesquisa, expedições preparatórias e contatos, a chance de lançar o barco na água,
com câmeras e equipamentos a bordo, tem o sabor de realização de desejo antigo, conta Cardês Amâncio.
 “O que mais me chama a atenção no Kalunga é a sua força. Eles resistiram à escravidão e recriaram uma
 pequena África no interior do Brasil, protegidos por rios e vales”, diz.


Estimulado pela oportunidade de estreitar relações com a comunidade, o cineasta acredita que o filme
resultará em convite aos brasileiros para se conscientizarem de sua própria história. “Fazer documentários
é fazer amigos. Conhecer pessoas, saber quais histórias elas querem contar, respeitar o tempo delas.
Um filme desses é compartilhar a vida e, de alguma maneira, fazer parte da memória. Tanto eu permanecer
no imaginário dos que aparecem no filme como eles integrarem o meu. Quem assistir fará parte dessa
experiência também”, conclui Cardês. 



Portal Estado de Minas: http://www.divirtase.uai.com.br/html/sessao_8/2011/03/08/ficha_cinema/id_sessao=8&id_noticia=35832/ficha_cinema.shtml


Rio Tocantins também é personagem do filme de André Braga e Cardês Amâncio
Internet

 Jornal O Girasol
http://www.ogirassol.com.br/pagina.php?editoria=%C3%9Altimas%20Not%C3%ADcias&idnoticia=26185

Site Conexão Tocantins
http://conexaoto.com.br/tag/rota-do-sal/

Site Racismo Ambiental
http://racismoambiental.net.br/2011/03/rota-do-sal-refaz-uma-trajetoria-historica-desbravada-pelo-povo-kalunga-no-rio-tocantins/
JPTurismo
Chapada do Veadeiros.com
Caiaques point
PAraíso Web
Africas.com.br