segunda-feira, 27 de junho de 2011

Deixando Pedro Afonso - TO

Antiga Travessia dos Gentios.  Cidade que tem sua origem na catequização e aprisionamento dos nativos. Entre eles os Xerente, que ainda hoje habitam as margens do Tocantins. Nós, não podíamos deixar de nos dedicar a conhecer um pouco mais da memória e das tradições deste povo que tem profunda ligação com a conformação cultural e social do médio Tocantins. Foram os Xerente, durante o século XIX afamados  remadores. Percorremos algumas aldeias e conversamos com alguns anciãos e caciques. Suas recordações comprovaram a veracidade dos relatos de viajantes que pelos rios navegaram este sertão ao longo dos séculos. Visitamos a Aldeia Respourê (Zé Brito), Arazaroi (Porteira), e Kriwahã (Bela Vista). As últimas duas nas margens do grande rio, pernoitamos durante os três dias de remada, vindos de Miracema, e Tocantinia para Pedro Afonso, acompanhados de nosso amigo, guia e professor, Wancairon ou Samuel na linguagem dos brancos.
Já em Pedro Afonso, na agradável companhia de Wancairon, fomos ainda a uma festa tradicional Xerente na aldeia Traíras. Lá passamos dois dias e acompanhamos diversos rituais de beleza única e envolvente. Fizemos muitos novos amigos e partimos mais uma vez com a vontade de voltar em breve.
Em Pedro Afonso, ainda ajustamos os últimos detalhes para nossa partida amanhã. Gravamos com o jovem professor Fabrício que com as crianças de sua escola vem trabalhando a anos na construção de uma praça ecológica, toda feita de garrafas pets em uma região da cidade nas margens do rio Sono, onde antes existia um grande lixão. Está história promete uma boa surpresa no filme. Encontramos com alguns moradores antigos, entre eles o Sr. Damazio, farmacêutico autodidata, e mecânico de embarcações, tendo no tempo de sua juventude descido diversas vezes a Belém do Pará. Sua memória é brilhante e ainda hoje aos 80 anos, abre pontualmente a Farmácia São Sebastião, que ostenta na fachada em letras grandes o slogan, “Farmácia São Sebastião 30 anos de tradição.” Marcamos de filmar com ele logo pela manhã, “quando os fregueses ainda estão acordando”, ele ainda ficou de aproveitar a noite para lembrar um pouco mais. Na sequência, encontro marcado com o rio, dois dias de remada e aportaremos em Itapiratins e sua vizinha Tupirantins.











sexta-feira, 17 de junho de 2011

Miracema TO – Antiga e pacata Miracema do Norte.Terra onde Arlindo Orlando deixou a Mariposa Apaixonada de Guadalupe. Capital provisória por um ano do novo estado de Tocantins.


Deixamos Palmas em festas. A expedição começa a tomar fôlego, é real a possibilidade de completarmos com êxito. Navegar é preciso. Faltavam os últimos lagos da segunda represa das quatro que temos em nossa rota , para em breve termos com o rio novamente. Navegamos alguns quilômetros e paramos para assistir pelo celular do Cardes, no meio do lago, a reportagem no jornal da globo local.
Remamos mais alguns kms por entre banzeiros e atravessando lagos, encontramos uma praia, formada por uma ilha, ligada ao continente por enorme tronco de buriti atravessado. Hotel cinco estrelas, emoldurado ainda pele serra do Lajeado em forma de mesa. Nosso acampamento também tinha mesa, banco, fogão até mesmo luz elétrica, afinal era os fundos de uma casa de condomínio e excelente ponto de pesca. Fomos recebidos por alguns nativos, removidos no alagamento e que agora se tornaram caseiros de condomínios de finais de semana.  No dia seguinte, um tremendo vendaval nos despertou de nossas redes e barracas. De longe podíamos observar ondas enormes atravessando os “lagos”.
Atrasamos nossa saída por cerca de algumas horas. Haviam nos dito que após meio dia este vendaval e conseqüente banzeiro diminuiriam. Flor e Ton, partiram na frente pegaram para a esquerda atravessando  pegando para esquerda também encarando um banzeiro, sem risco mas que torna bem mais pesada a remada. Os caiaques acabaram desprendendo-se um do outro e em disparada passamos o porto de resgate no bar do Caboclo. O barco da Naturantins acabou não conseguindo acompanhar os caíques e ancoramos em um quiosque tipo deck que se estendia até o meio do lago a 4 quilômetros do Lajeado
Na hora e na data marcada novamente tivemos um encontro com o rio. Hoje foi o dia de passarmos pelo temível funil, local de beleza singular, histórica e que ao longo destes séculos carrega muitas mortes. Um trecho, a poucos metros da barragem onde o rio começa a voltar a ser rio. Mostrando suas pedras lajeadas que deram origem ao nome daquele lugar e daquele município. Ali logo após o fim de seu represamento ele se divide em dois braços e se fecha como funil, ladeados por paredes de pedra. Ao meio uma enorme ilha também de  pedra. O Rio se estreita cada vez mais, algumas batedeiras por sobre as quais as embarcações teêm somente um estreito caminho para atravessar. Passamos, em seguida o remanso, segue – se por mais alguns metros ladeados por paredes de pedra e muitas praias. O rio estava de novo em seu leito natural. Mais alguns quilômetros com ajuda da correnteza e aportávamos em Miracema do TO.